Em serradas de Freixiosa
por entre serras da Beira,
em família muito numerosa
nasceu a Maria camareira.
Sete irmãos, casa pequena,
não há escola p'ra ninguém,
vão servir que vale a pena
comem, vestem, dormem também.
Maria sai já com vinte anos
e Coimbra foi o seu destino,
já tinha ajudado nos manos
ela pôs os pés ao caminho.
Dois doutores, ambos da Beira
a Maria eles vão contratar,
um vai ser Cardeal Cerejeira
outro, doutor Oliveira Salazar.
Mas Salazar vem p'ra Lisboa
e com ele também dona Maria,
mantem na sombra essa pessoa
mas ela é forte, ele confia.
Duro ministro das finanças
e na poupança dos tostões,
as contas sobem na balança
enquanto Cardeal faz sermões.
Uma governanta com estatuto
que vai informando o doutor,
sai ás compras anda à escuta
o que dizem dele no exterior.
Mantem Maria mais distante
ele não quer mais intimidade,
sempre virgem, numa estante
Só quer respeito e lealdade.
Vai ser sempre a governanta
porque o eremita não desata,
por fim a todos nos espanta
há uma cadeira que o mata.
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