Estranho Domingo de Ramos
se vive em todo o país,
nos meus oitenta e sete anos
só posso sentir-me infeliz.
Estou em luta com a praga
do maldito que nos mata,
cada instante alguém se apaga
mesmo com viseira e bata.
Já não há mais hospitais
e os médicos estão doentes,
vão trata-los nos quintais
em tendas com os pacientes.
Ainda não chegou ao pico
e a mortandade a subir,
morre o pobre morre o rico
já não dá mais p'ra fingir.
Pais e filhos estão fechados
e, em casa o mal espreita,
vive em pulmão infestado
e para entrar ele se ajeita.