terça-feira, 14 de abril de 2020

Domingo de Ramos II

 


Estranho Domingo de Ramos
            se vive em todo o país,
            nos meus oitenta e sete anos
            só posso sentir-me infeliz.

            Estou em luta com a praga
            do maldito que nos mata,
            cada instante alguém se apaga
            mesmo com viseira e bata.

            Já não há mais hospitais
            e os médicos estão doentes,
            vão trata-los nos quintais
            em tendas com os pacientes.

            Ainda não chegou ao pico
            e a mortandade a subir,
            morre o pobre morre o rico
            já não dá mais p'ra fingir.

            Pais e filhos estão fechados
            e, em casa o mal espreita,
            vive em pulmão infestado
            e para entrar ele se ajeita.

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