Bairro novo clandestino
nasceu na Fraternidade,
já tem Igreja com sino,
tudo trouxe a liberdade.
De uma geração oprimida
pelos anos da ditadura,
castigada mas exprimida
tenta a casa mais segura.
Dividem a grande quinta
e é vendida aos retalhos,
vendilhões ganham a guita
as gentes ganham trabalhos.
Passaram já muitos anos
e a geração envelheceu,
caras novas mas estranhas
sucedem a quem já morreu.
Muitos mercedes bem usados
onde velhos se afirmavam,
vindo nos tempos passados
que na Alemanha não usavam.
Chegamos ao fim dum tempo
como se isto fosse o verão,
volta o frio, volta o vento
e tudo isto é transformação.
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