É domingo toca o sino
os fiéis vão-se chegando,
meu avô encontra o primo
e depois vão-se abraçando.
Falam alto em gritaria
dizendo coisas banais,
em tudo há grande alegria
mas são modos culturais.
Está na hora diz a tia
que tem pressa em lá chegar,
pedir ao senhor da agonia,
lhe dê um homem para casar.
Os mais novos vão à tasca
e lá vão mais duas minis,
falam de situações à rasca
ou de namoro mais infeliz.
O padre já tem oitenta
e não vislumbra a reforma,
mas com palavras alimenta
o viver com Deus, por norma.
Alguns jovens com guitarras
e até mesmo com um piano,
cantam bem como cigarras
mantendo a fé todo o ano.
O padre fala mais baixinho
com voz grossa e arrastada,
está cada vez mais fraquinho
e a sua fé é mais cansada.
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