Quando eu tinha 15 anos
fui
ceifar no Alentejo,
já não
tinha em casa manos
e
pais, cederam meu desejo.
Com
mais quarenta ceifeiros
sempre
a pé até ao monte,
dormindo sempre em celeiros
e
enchendo a bilha na fonte.
P’ra
esconder o seu carinho
a mãe
chora e vai à horta,
coitadinho do meu menino
tão
feliz vai, não se importa.
Não
queria ser sapateiro
por
ser a profissão do pai,
antes
queria ser ceifeiro
e
nessa aventura ele vai.
Bolhas
nos pés, um abrigo
com trovoada
à chegada,
lá
fora os campos de trigo
ao
outro dia me esperava.
Durante os quarenta dias
que durou esta epopeia,
sem
queixas nem alergias
dormindo em molhos de aveia.
Quinze
dias a trabalhar
há um
dia de descanso,
camisa
suja, vamos lavar
hoje é
tempo de balanço.
A
maratona chega ao fim
todo o
trigo está ceifado,
de
cavalo branco e bengalim
o
patrão paga o ajustado.
Estamos de volta a casa
a meio
caminho paramos,
os
homens fazem as contas
o que
nos dão, nós contamos.
Minha
mãe está mais feliz
estou
aqui, eu já voltei,
ao pai
dou dinheiro, e ele diz
também
trazes, o que te dei?
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