Cruzeiro da Amêndoa

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Tudo tem principio e fim
e nada aparece já feito,
seja por outro ou por mim
seja direitinho ou imperfeito.

No nosso imenso universo
não nasceu tal hoje está,
rios e montes tão diversos
enchem mas depois secará.

Florestas que são desertos
secas de clima inquietante,
todos temos mortes certas
os esquimós ou de turbante.

Mas alguém criou isto assim
e eu parto desse princípio,
tudo tem o começo e um fim
e vai acabar num precipício.

Não nos importa o seu nome
e sem saber chamamos Deus,
quer seja com sede ou fome
tudo se extingue nos céus.

És nesta vida um sofredor
e também estás acompanhar,
porque tu já sentiste dor
pois terás gosto em ajudar.

Quem sente grande tristeza
já teve na sua vida o pior,
e por sentir grande frieza
pensa, nessa bondade maior.

A quem vê só essa escuridão
mas dos felizes nada espera,
ele só verá deles a atenção
e tal escuridão neles opera.

Para fazer alguém feliz
só o fará quem já padece,
ele sofre dor e não quis
o pensamento não esquece.

A profunda dor é um vazio
e que nos deixa sem ação
fechando teus dias a fio
num espaço e em escuridão.

Se o teu filho não escuta
o que lhe queres ensinar,
com o lamentar te machuca
pois, ele aprende devagar.

Se tiveres no teu jardim
planta que não estendeu,
não arranques que no fim
se a regares ela cresceu.

Dá-lhe exemplos de viver
e tem paciência de santo,
pois ele irá compreender
todo o sabor do teu manto.

Todo o ser leva seu tempo
para fixar o que observa,
e aumenta o conhecimento
respeitando mãe e serva.

Dá-lhe tempo p'ra crescer
e imitando a tua roseira,
água luz espaço p'ra viver
terás o filho à tua beira.

Por catorze países passa
a maior estrada do mundo,
montanhas e desertos traça
para se extinguir lá ao fundo.

Ela foi nascer lá no Alasca
continente branco, de sonho,
finda na Argentina, já-lhe basta
cansada, caindo de sono.

Só parou na terra do fogo
depois de tanto caminhar,
p'ra mais não teve fôlego
em frente surgia o mar.

Estradas e caminhos da vida
veredas com ruas, travessas,
às vezes uma grande avenida
com discussões ou conversas.

Grande estrada é um abraço
entre os povos diferentes,
porque ocupam outro espaço
noutras coisas são crentes.

Século XIV, ali para o meio
grande invenção descobriu,
em moldes de madeira feito
letras com chumbo fundiu.

Depois de as por no lugar
num plano liso e apertado,
com a tinta as foi pintar
em papel branco estampado.

Gutenberg foi o seu autor
e imprimiu o primeiro livro,
em Estrasburgo e já a cor.
a Bíblia e em prosa fluida.

Ao ter nascido na Mogúncia
ele foi ourives e ferreiro,
mas o inventor com argúcia
no imprimir foi o primeiro.

Ele deu impulso à imprensa
crescendo fabrico do papel,
mas na educação foi imensa
da mais culta à de cordel.

Eu que cá estava tão bem
fui escalado p'ra vacina,
- Pois na sua idade convém
covid mais gripe elimina!

Embalado pela sábia fala
e lá fui eu levar a pica,
dor da pica não deu rala
mais valeu o que lá fica.

E já passaram quinze dias
mas estou todo carregado,
nariz corre, tapa as vias
e pareço estar constipado.

Vem o espirro e mais outro
parece estar-se agravando,
Benurom mas já estou rouco
esse vírus está cá morando.

Será que eu estava doente
ou essa vacina já trazia,
um tal vírus independente
que sem fronteiras fez razia.

Noite longa e mau sono
pela minha inquietude,
pior assim eu me ponho
por mal da minha saúde.

Valem os anjos da guarda
que ajudam e cuidam dela,
com o coração ou a farda
a sua ação, é muito bela.

Porque esgoto meu pensar
por terminar tudo assim,
será, por eu pouco rezar?
não há quem reze por mim.

Morrer é um ato natural
é um ciclo que se fecha,
mas sofrer quem não fez mal
só um santo não se queixa.

Há quem viva de pecados
e tenha uma morte suave,
outros sofrendo e calados
pagam com a dureza grave.