Cruzeiro da Amêndoa

sábado, 24 de agosto de 2024

Eu ouço falar mal de mim
por vezes fazem apostas,
e numa conversa sem fim
eu ouço nas minhas costas.

Não me podendo eu defender
porque em trabalho estou,
pois eles estão a ofender
mas no meu trabalho eu vou.

Não suporto tal provocação
pois estão a falar de mim,
se vou por mão no travão
vai tudo acabar em motim.

Mas porquê e qual a razão
de falarem nas suas costas,
podem dar-lhe sua opinião
na cara com as caras expostas.

- Diga-me lá senhor Pizarro
qual é era a sua profissão?
- Eu sou chofer de autocarro
na vila de Alter do Chão!

Tu não tentes convencer
a fazer seja o que for,
mas limita-te responder
e aí mostras o teu valor.

Tentar convencer alguém
é uma falta de respeito
só deve trabalhar, quem
o faça de amor no peito.

Vais trabalhar e aprender
o outro estás a colonizar,
porque ele só terá prazer
por si só ao ir trabalhar.

Elogia quem bem trabalha
mas o faz com liberdade,
e com seu saber espalha
valor para a comunidade.

Evita fazer mais pressão
o mundo fica mais livre,
amor com mais compreensão
e cada um no seu calibre.

O velho ancião recordando
pensando na vida passada,
amigos ávidos o escutando
dum tempo não deixou nada.

Eu, quando novo muito lia
paixão que me acompanhou,
mais juntamente eu bebia
coisa que não mais parou.

A luta entre, vinho e ler
entre mim se mantém viva,
vou ter que decidir fazer
partindo para a ofensiva.

Beber um copo, me acalma
me espevita o pensamento,
mantém meu estado d'alma
que torna leve o momento.

Mas leio, o beber faz mal
e eu tenho que reconhecer,
irei tomar decisão formal
pois eu vou deixar de ler.

Jerusalém, terra de paz
manjedoura de bondade,
onde mora o tal satanás
perseguindo cristandade.

A pureza, trás matanças
e choca com as ambições,
não respeitam crianças
seus sonhos são ilusões.

Tantos anos tantas mortes
muitas guerras repetidas,
e essas mães sem filhotes
que deles fazem despedida.

As religiões são um veneno
que divide seres humanos,
um mundo inteiro é pequeno
com ambição do seu tamanho.

Deixem rezar quem o queira
deixem pregar quem tem voz,
cuidem melhor da oliveira
que nos ilumina todos nós.

Tantas guerras tanta morte
e tanta gente estropiada,
tantas crianças sem sorte
mais a sua vida estragada.

Tanta ambição pelo mando
com a sua incompetência,
tudo fazem a ter comando
esgotam a nossa paciência.

Os candidatos não faltam
para um lugar do ditador,
pedem seus votos à malta
para uma subida sem favor.

Depois já lá no cadeirão
nomeiam os seus generais,
rodeiam-se com um cordão
daquelas forças especiais.

Ponham mão na consciência
e moderam a vossa ambição,
invistam mais em ciência
paz, respeito e educação.

De visita o amigo António
- Sim, hoje estou pela cidade,
deixei a vida de campónio
dei assim largas à liberdade!

- Ainda bem meu velho amigo
essa tua visita me alegra,
e vamos jantar ao Rodrigo
pois ele tem sopa da pedra!

- Pedras eu não as vou comer
porque não estou habituado,
mas outra coisa deve haver
nesse restaurante afamado.

E o primeiro prato recheado
tudo de uma grande fartura,
mas tal campónio descarado
- Esta galinha é velha e dura!

- Diz-me, como podes tu saber
que idade tem esta galinha,
- Oh, pelos dentes ao comer
sei era nova ou já velhinha.

- Se a galinha não tem dentes
como é que isso aconteceu?,
- Ora, a comer tu compreendes
e quem tem os dentes, sou eu!

Duzentos anos já passados
nossos banhos evoluíram,
sem as vergonhas tapadas
porque hoje tudo exibiram.

No Tejo junto ao terreiro
estava a barca para banhos,
eles e elas fato inteiro
risos com gritos estranhos.

Agora veio praia da moda
é em Pedrouços, boa fama,
caminho de ferro com roda
puxado a mulas americano.

Mas os finórios não querem
mistura com a gente rasca,
Paço de Arcos já os espera
mais gentes da nova casta.

Mézinheiro diz que o banho
cura fraquezas, convulsões,
as moléstias durante o ano
também dá volta a corações.

Mas por fim chega o alívio
nova linha chega a Cascais,
a praia do rei é prestígio
lá vão matronas e casais.