Cruzeiro da Amêndoa

quinta-feira, 18 de julho de 2024

O menino triste chorava
sozinho deitado na cama,
enquanto sua mãe falava
gritando com outra dama.

Aquele telemóvel maldito
veio roubar o meu carinho,
depois de ouvir um apito
tudo deixa e eu sozinho.

Pai e mãe sempre falando
pois cada um, tem o seu,
eu fico por ali chorando
com um peluche que é meu.

Odeio esse telemóvel da mãe
sinto ser, mais importante,
mas admiro quem o não tem
pois o seu amor é constante.

Eu nasci neste tempo mau
de foguetes e automóvel,
festivais, futebol, sarau
e desse maldito telemóvel.

Numa casa nova comprada
que foi nova e já usada,
entrou ficou descuidada
sem chave e porta fechada.

Sem ela não posso entrar
grande é o meu desespero,
vou o meu vizinho chamar
para evitar o destempero.

Prestável no querer fazer
muita idade mas diligente,
eu não sei que lhe dizer
chamo o vizinho da frente.

Homem prático experiente:
- Vou entrar pela janela,
se a senhora me consente
dentro eu destranco ela!

Leve e breve como um gato
o vizinho já está lá dentro,
destrancou o trinco chato
já sinto o entrar do vento.

Um ano mais um mês e um dia
o anjo de bondade sofrendo,
porque tanto tempo de agonia
não merece, eu não entendo.

Dizem certas mentes sabedoras
tudo cá se paga neste mundo,
por certo elas serão credoras
mas nunca como um moribundo.

Há quem nasça em sofrimento
mas assim viva toda a vida,
outros sempre em luxo opulento
tendo tudo e vida comprida.

Alguém me diga, não entendo
porquê enorme desigualdade,
uns toda sua vida sofrendo
outros, sempre a felicidade.

Jesus que se deixou matar
nos ensinou o sofrimento,
para que possamos perdoar
tanta desigualdade, lamento.

Para que tudo continue
tão bem como até agora,
ninguém avança ou recue
deixe-se ficar onde mora.

Mas se continuar como está
tudo se vai degradando,
hoje é do melhor que há
amanhã, já foi passando.

Para nos manter à tona
será preciso algo mudar,
vamos viver noutra zona
uma nova atitude tomar.

Para haver água na fonte
nós a termos para beber,
È preciso limpar o monte
onde os porcos vão comer.

Para que bem se mantenha
é preciso que algo mude,
vamos todos em campanha
respeito, paz, mais saúde.

Em criança dormindo eu sonhava
no mundo de fantasia inventado,
em naves e pelo espaço viajava
mas ao acordar, estava deitado.

O mundo que não pára mas avança
rodeando o seu sempre namorado Sol,
fechou minhas viagens de tranca
do meu sonho só resta o futebol.

Quanto mais aprendo e menos sei
conseguir entender o ser humano,
Eles se amam e se matam é a lei
do meu irracional mais desumano.

As mentes avançadas já chegaram
tão longe para nós parece o fim,
mas, entre eles não concordaram
em vez de bombas plantem jasmim.

Parem com as guerras e matanças
porque o mundo para todos chega,
cuidem de idosos e das crianças
mas moderem suas ambições cegas.

Foi o comandante nesse dia
que mudou a nossa história,
afastando um já velho guia
nós cantámos depois vitória.

Ele foi o capitão mandante
do golpe forte e certeiro,
com um Salgueiro galopante
a tomar conta do Terreiro.

Com sua promoção de General
não parou aí sua ambição,
numa nova intentona canibal
foi preso, metido na prisão.

Entrou em contra revolução
e mais tarde foi perdoado,
mesmo com a sua despromoção
é o nosso herói do passado.

Ninguém nesta vida é puro
há sempre coisa que falha,
outro herói ergueu o muro
aqui não, isto é a muralha.

Francisco Alvares, sacerdote
é a lenda da nossa história,
pois descobriu o novo norte
e trouxe a Portugal a glória.

Estávamos no mundo fechado
ele foi mandado à Abissínia,
como o embaixador comandado
para descobrir a nova India.

Mas o seu barco se afundou
no perigoso mar vermelho,
esperando, o ano se passou
chega a Alexim, mais velho.

Na corte viveu seis anos
em terras de Preste João,
estudou bem os africanos
vai a Roma de cruz na mão.

Para a entregar ao Papa
esta cruz em puro ouro,
mais cinco anos na data
dá ao Papa esse tesouro.

Foi com enorme esperança
que Portugal tomou notas,
terras novas na lembrança
mas projetar outras rotas.