Cruzeiro da Amêndoa

terça-feira, 25 de julho de 2023

Quatro letras tem o ódio
mas o amor também as tem,
o sal é cloreto de sódio
e tu à espera de alguém.

Na mentira há sete letras
tal e qual como a verdade,
como as lindas malaguetas
enganam em qualquer idade.

Seis letras tem o chorar
mas também tem o sorrir,
com quatro tenho o amar
e com seis quero o sentir.

Mal e bem em guerra aberta
pois são do mesmo tamanho,
mas tu faz a escolha certa
não escolhas mundo estranho.

Não cultives essa aparência
por ser falsa e não ter pé,
mas segue a tua consciência
com a segurança e muita fé.

Eu vivo num país pequeno
e muitos processos feitos,
tão grandes que até temo
os culpados sejam eleitos.

Há tantos anos se estuda
e muita conversa barata,
com a defesa em barafunda
e culpados cheios de lata.

O processo da pobre Joana
mais o dessa linda Maddie,
com da espancada Cipriana
e o desse Marquês sem fim.

BES, Banif e também BPN.
e mais agora o da Altice,
parecem casas para alterne
como as seitas de beatice.

Trafulhices aos milhares
mesmo que seja ministro,
mais pedófilos aos pares
valha-me meu Jesus Cristo.

Não se nasce com maus hábitos
porque eles são adquiridos,
e ficam-nos sempre gravados
em nossos momentos criativos.

Se o hábito é fazer o bem
não temos ódio nem inveja,
mas tentamos ajudar alguém
sem precisar que ele veja.

O hábito é traço contínuo
que já foi gravado em nós,
foi lá posto por estímulo
ou herdamos de nossos avós.

O bom e o mau é cultivado
como se ele fosse uma flor,
ou morre se é mal tratado
bom, cresce espalhando amor.

O hábito não faz um monge
pois só é porque lhe tapa,
é ensinado e vem de longe
mas aplicado por quem mata.

Falta em casa um guardanapo
mas também se acabou o pão,
quatro pacotes de gaspacho
e p'ra fruta traz um melão.

Traz também outra vassoura
com uma pá do lixo também,
não esqueças cerveja loura
que p'ro jantar me convém.

O creme p'ra fazer a barba
mas também queijo Limiano,
não esqueças amêndoa amarga
que faz-me falta todo o ano.

P'ró jantar não tragas frango
que eu tenho arroz de feijão,
mas traz um doce de morango
mais seis pastéis de camarão.

Nós, p'ró café temos bastante
mas traz mais um saco de sal,
garrafão de água é importante
só nos faz bem, e não faz mal.

Não te irrites por tão pouco
faz um esforço e compreende,
se teu vizinho for um louco
sorri para ver, ele entende.

Respeita aos outros as falhas
sem palavras que os agridam,
pois sem querer os baralhas
por certo eles mal decidem.

Se teu filho não concorda
tem por certo outra visão,
tenta ouvi-lo, mas aborda
sem gritos e com educação.

Sem o reprimir ou castigo
ouve-o com um olhar terno,
o teu pensamento é antigo
ele é de um tempo mais moderno.

Ouve sempre, mas calmamente
esse sentir de quem te fala,
sê bom ouvinte mais paciente
e tolerante em grande escala.

Ao nascer é só esperança
na vida sem fim à vista,
ele é tal ponta-de-lança
que nosso ego conquista.

Pais, avós e também manos
vêm nele um mundo novo,
mas tantas vezes enganos
ao nascer já tão nubloso.

Ele nunca foi transparente
e enrola o seu pensamento,
sempre continua impaciente
até que chegue seu momento.

Avança e vai experimentando
em tudo que sua mente quer,
mas aos poucos vai avançado
para chegar lá quando puder.

Nasceu com o selo já feito
gravado dentro, no interior,
e já por muitos foi eleito
sendo o seu grande ditador.

A democracia é o grande bem
e dela comunga maior parte,
mas existem ditadores também
que esperam sua hora com arte.

Junto ao mar, perto de Sintra
muito linda praia das maçãs,
foi lá a banhos o Zé pelintra
mas levou com ele duas irmãs.

Não pensou que o dia é grande
e que seu estômago não é cego,
pois a meio do dia foi sondando
a tasca do Manuel Prego.

Uma fatia de pão saboroso
O Manuel lá punha a vitela,
com o vinho branco e gasoso
a nossa tarde ficou mais bela.

Comendo esse pão na tasca
tanta fome que o prego voa,
foi lá que o pincel arrasta
no seu quadro o José Malhoa.

Hoje, a carne dentro do pão
bem quentinha que eu carrego,
já não é mais sandes na mão
mas, traga-me mais um prego.