Cruzeiro da Amêndoa

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Em casa tenho o espelho
onde eu me posso rever,
sou novo ou estou velho
mais a saúde p'ra viver.

Apesar de estar perfeito
sem me faltar um elemento,
tantos seres têm defeito
desde infeliz nascimento.

Por nascer sem as mazelas
que eu vejo nos infelizes,
o respeito e amor por elas
nós, só podemos ser felizes.

Sempre lutando em nossa vida
para amparo dos mais fracos,
estando presente a mão amiga
nas faltas e nos maus tratos.

Sendo eu pessoa a de sorte
ao ter nascido sem defeito,
bem na vida mas mais forte
feliz, é falta de respeito?.

Esta geração sem estudo
que viveu antes de nós,
mesmo faltando-lhe tudo
faz respeitar meus avós.

Deram tudo que não tinham
para educar os seus filhos,
valores e alguém espezinha
procurando outros sarilhos.

O grande valor das mulheres
que lutaram pela igualdade,
homem, não fazes que queres
hoje eu quero ter liberdade.

Estão morrendo esses heróis
do nada muito eles fizeram,
deram a seus filhos, faróis
pois lutando assim quiseram.

Morrem com mãos enrugadas
mas vão de cabeça erguida,
deixam uma geração estudada
que seguir em frente obriga.

Para esta muito nova geração
que num mundo já mais global,
novas portas se lhes abrirão
pois do espaço já vem o sinal.

A vaca não nos dá leite
nem o trigo nos dá pão,
tal e qual como o azeite
vem de um trabalho à mão.

Para a vaca ter de beber
crescer mas ter condições,
ter os filhos muito comer
até nós, bebermos galões.

Nada na vida é de graça
de tudo pagamos o preço,
para termos uma carcaça
de muito trabalho careço.

Terei que procurar trabalho
para produzir algo na vida,
porque se não o fizer falho
e não mais eu terei comida.

Na vida, há incerteza pura
por tudo o que procuramos,
para colher a fruta madura
muito cuidado, escorregamos.

Em casa dizes bom dia
mas também o por favor,
mostra um ar de alegria
eu gosto de ti meu amor.

Ser honesto, mas pontual,
respeita o teu professor,
solidário, sem ser boçal
com espírito do lutador.

Não fales de boca cheia
com boa higiene pessoal,
ajuda teus pais e semeia
toda essa alegria natural.

Organiza os teus costumes
nos outros tu não te metas,
come aquela sopa de legumes
e não inventes mais tretas.

Nessa escola em que aprendes
aquela cultura bem estudada,
se a não estudares tu ofendes
e tua família, fica frustrada.

Chegou ao fim mais um ano
mas outro vai já começar,
tu que és pensador humano
não podes agora aqui parar.

A vida não te correu bem
mas tu voltas a recomeçar,
muda aquilo que te convém
e outra árvore vai plantar.

Rumo novo ao teu destino
abandona queixas velhas,
acorda se ouvires o sino
embarca em novas caravelas.

Muda também o teu visual
mas acredita muito em ti,
novo recomeçar é natural
e a nova base eu construí.

Todas essas pessoas boas
arquivam, mas sem gritar,
afastam-se e não perdoam
não pensando mais voltar.

Renova também tua mente
esquece, volta acreditar,
lembra-te dessa semente
vai de novo desabrochar.

Velho não, eu sou idoso
pois ainda tenho sonhos,
apesar deste corpo rugoso
eu tenho brilho nos olhos.

Velho é, já não acreditar
que tudo voltará a nascer,
com o novo plano a começar
crescendo o novo alvorecer.

Velho é, estar algo queixoso
aumentando mais as suas dores,
em vez de um ar mais caridoso
dando aos outros mais louvores.

Velho é, outra vez a criticar
tudo o que ele não faz mas vê,
devia sim, muito mais elogiar
a quem faz, e a pensar porquê.

Velho é, não escutar o coração
como também o deixar de sorrir,
é negar a outros aquele perdão
evitando a quem não sabe ouvir.

Meu passado se extinguiu
como a completa amnésia,
só a quem fiz mal me viu
cá, no cimo desta falésia.

Em frente do grande fosso
que é vida sem pensamento,
eu vejo um grande colosso,
sem força leva-me o vento.

Tudo que esta vida me deu
mas também, tudo ela tirou,
cheguei a pensar, era meu
mas no fim, tudo cá ficou.

Este meu pensar me engana
e não há verdade em nada,
a que hoje parece estranha
amanhã, ela foi confirmada.

Tenho em mim duas certezas
que tudo o que nasce morre,
mesmo inventando as defesas
no fim, o sangue se escorre.