Cruzeiro da Amêndoa

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Ele é um grande campeão
pois nos katas foi maior,
técnicas de pé ou de mão
não há quem o faça melhor.

É nos Katas mais difíceis
que brilhou no campeonato,
com o Paulo imprescindível
ajustam bem o tal contacto.

Falo de quem já foi campeão
no seu peso e no seu tempo,
Pedro Gonçalves, um beirão
homem bom, mas não violento.

Ele foi o campeão da Europa
com seu lindo Goshin-Jutsu,
aquele parceiro de boa nota
juntos eles dois parecem um.

Em Coimbra, lá na sua escola
onde judo tem a sua gramática,
pois estudo é judo e não bola
se for do mundo vai a Fátima.

Já velho cansado e trôpego
com o grande peso no corpo,
larga os bens, por desapego
arrasta-se já lento e torto.

Carrega em si aquela criança
que já ele foi há muitos anos,
retido tudo em sua lembrança
juntando os muitos desenganos.

Nos ombros o peso da juventude
aqueles seus amores e aventuras,
com o peso das asneiras amiúde
e tudo o que sobrou ele segura.

Na vida adulta o que lhe marcou
no seu trabalho e na suas lutas,
hoje ele carrega tudo que sobrou
do bom e do mau dessas disputas.

Sentado no seu banco ele pensa
se vida que viveu valeu a pena,
filhos, netos são a recompensa
mas eu fui a coisa mais pequena.

Para mim o tempo já parou
sou enfim membro do governo,
muito agradeço a quem votou
eu deixei de ser subalterno.

Vejo uma grande indignidade
uma decadência progressiva,
a pobreza é já legitimidade
com aquela corrupção concisa.

A inveja, intriga e vaidade
no governo e também oposição,
são os rasgos de habilidade
e alguém afoito meta sua mão.

Em volta dessa grande arena
enxameiam mais inteligentes,
vão esperar, pois vale a pena
e vão pondo paninhos quentes.

O expediente com o compadrio
ficam ouvindo oposição falar,
luvas servindo quente e frio
deixa arder, nós vamos plantar.

À tantos anos vão estudando
o que de bom se faz lá fora,
cá corruptos vão engrossando
as offshores a qualquer hora.

O português até já se habituou
a um governo que é providência,
tudo o que faz e não partilhou
merecemos nós a independência?.

Nas margens do rio Anços
e grande burgo acastelado,
gaivotas parecendo ganços
passeiam os anjos dourados.

Não levam a gente graúda
e sim crianças divertidas,
com a boa segurança estuda
levando colete salva-vidas.

Bela ideia a dos mentores
compensando seus votantes,
assim valoriza interiores
homenageando os navegantes.

Soure, é a terra que falamos
um concelho antigo e moderno,
o seu começo nós respeitamos
e hoje, desportivo e fraterno.

Ó Anços! nunca fiques seco
como aquelas serras em redor,
queimando plantas e gravetos
traz-nos água, traz-nos sol.

Quem mata a mando de alguém
sente-se um infeliz e usado,
se o faz sem mandar ninguém
será sempre mais desgraçado.

Vendo espelho quer acreditar
que está vendo a gente boa,
mesmo depois de alguém matar
pensa ainda que é uma pessoa.

Mesmo sem ele querer matar
mas cantando luas ao vento,
matou numa cadeia alimentar
e os mais matam só o tempo.

Matando os tais mosquitos maus
mais aquelas cobras venenosas,
eles pensam que são os arautos
duma vida mais livre e bondosa.

A morte que é mais bela e boa
que engrandece e tem nobreza,
que é feita e não se apregoa
matando aquela fome à pobreza.

Que toda a gente me veja
fico na fila da frente,
quero ser aquela cereja
em cima dum bolo assente.

Sonhas na estrela brilhante
dar nas vistas, ser notada,
e com aquele ar de pedante
não segues na boa estrada.

Querer dizer o que não sabes
mostrando aquilo que não tens,
será o destapar das falsidades
mostrar toda estupidez tambem.

Na última fila está sentado
e tudo observa com prudência,
pensando que algo está errado
põe a trabalhar inteligência.

Aquele que mais sabe é ouvinte
e não quer parecer o que não é,
aguarda por um momento seguinte
e fala com segurança e muita fé.

Hoje eu estou impaciente
e não suporto este calor,
sonho fresquinho ausente
mais um pouco do teu amor.

Na falta do que não tenho
e do que tenho me irrita,
vou dar uma volta e venho
triste se ninguém me grita.

Não suporto mais o barulho
que vem ali da auto estrada,
não quero encher de entulho
esta minha mente libertada.

Eu não sei qual o remédio
para tão grande depressão,
porque este maldito tédio
afoga o meu pobre coração.

Vou esperar pelo novo dia
porque o novo sol brilhará,
encher-me duma fé que guia
que estou certo me alegrará.