sábado, 8 de fevereiro de 2020

O Sr. Pires forte



O ermitão lá vive em casa
             sozinho e não tem um cão,
             pensa na mãe que rezava
             com um terço na outra mão.

             Que mal fiz eu neste mundo
             para me ver aqui sozinho,
              não fui pai, não sou fecundo           
             terei trocado o meu vinho?

             Todo o lixo abandonado
             que encontra no seu caminho,
             chega a casa bem carregado
             seja ferro, ou pau de pinho.

             Mesas cadeiras e talhas
             e até mesmo um bom armário,
             todo arranjado sem falhas
             mas tem fechos ao contrário.

             Não me falta o bom comer
             mas sei que tenho valor,
             sinto o corpo a envelhecer
             só me falta ter mais amor.

             Julga viver como pensa
             mas pensa tal como vive,
             o amor não é recompensa
             do bem ou mal que já teve.

O Vento


Forte e frio, vem do norte
             passa com som de lamento,
             não se vê, mas muito forte
             quero crer, que seja vento.

             Elemento muito estranho
             sem corpo, é transparente,
             mas pressinto seu tamanho
             da força meu corpo sente.

             Por vezes há um descanso
             o soprar não é constante,
             enche o fole, ganha balanço
             e voltar forte e pujante.

             O quente e frio da terra
             em choque provoca o vento,
             homens maus querem a guerra
             para as crianças o sofrimento.

             Não culpo a origem do vento
             que nasce puro e inocente,
             mas o homem de mau talento
             cultiva o mal e mata gente.

A minha rua


Na rua da minha casa
            há uma igreja branquinha,
            onde as senhoras rezavam 
            no seu tempo de meninas.

            Ruas largas, mas poluídas
            pelos gases dos motores,
            por vezes há cães feridos
            por alguns brutos condutores.

            Nos jardins do casario
            brotam flores entontecidas,
            com o ar grosso do Estio
            ou pelos corações comidas.

            O sol no inverno espreita
            entre as casas de fugida,
            porque a construção mal feita
            não deu atenção à vida.

            Viver feliz é ter saúde
            água e respirar ar puro,
            amor de alguém que ajude
            abrir a alma e estar seguro.

Mafia




Ormetà é código de honra
           que obriga a boca fechada,
           nem pela morte desonra
           de ver a família falada.

           Don Aprile era o padrinho
           desta família em Palermo,
           dos pobres tinha o carinho
           os concorrentes pro inferno.

           Implacável nas vinganças
           só o sangue o acalmava,
           controla com vigilâncias
           em quem ele mais confiava.

           Seu filho menor de idade
           ele colocou em parte incerta,
           vivendo toda a sua mocidade
           com a identidade encoberta.

           Mas o Don chegou ao fim
           funeral de grande pompa,
           o filho vem de Berlim
           dele: eles vão tomar conta.

           No filho o sangue correndo
           de vingança e precaução,
           planeia os chefes morrendo
           de uma só vez sem perdão.

           O dia foi bem estudado
           com sicários bem treinados,
           ele em férias noutro Estado
           os chefes são eliminados.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Ano de 2020

         
         
            O ano dois mil e vinte
            entrou em dia de sol,
            haver alguém que o pinte
            vai recorda-lo melhor.

            Muitos povos deslocados
            pelo mundo em movimento,
            líderes talvez tresloucados
            milhões morrem sem sustento.

            Todos somos desiguais
            pois, pensamos desigual,
            mas olhando os inocentes
            por Deus, não lhes façam mal.

            Bombas metralhas e tiros
            por egos poder e cagança,
            são motivo dos vampiros
            para nos matar por vingança.

            Que à frente de cada povo
            estejam pais de uma criança,
            para renascer o mundo novo
            que volte a dar-nos esperança.

José Francisco

         
            Na mais bela zona do sol
            construída na encosta,
            a sua casa é um farol
            onde mora (e tanto gosta).

            Ao fundo o rio correndo
            quando magro, envergonhado,
            mas agora vai enchendo
            e deixa tudo encharcado.

            Ali mora o meu amigo
            junto à linda outra metade,
            um grande amor já antigo
                           e lhe deu mais felicidade.               
               
            Filhos, netos são o ouro
            deste minério tão puro,
            ser feliz ter o tesouro
            neste pensar mais maduro.

            Só é feliz quem quiser
            todo o bem ao seu amigo,
            filhos netos ou mulher
            e até mesmo ao sem abrigo.

Promessas

         

           Ouvi palavras bonitas
            embrulhadas em mil cores,
            como se fossem sentidas
            e estudadas por doutores.

            Palradores dando conselhos
            e em verso dando lição,
            bandeiras brancas, vermelhas
            é tudo para bem da nação.

            Os silêncios dizem mais
            da gente sábia e calada,
            na experiência vê sinais
            que outros dizem estudada.

            Humildes esperam com calma
            ao ouvir deles a lição,
            esperam um toque na alma
            que console o seu coração.

            Há silêncios muito sábios
            e alguém guarda em contenção,
            também há beijos sem lábios
            e gestos que enchem o coração.